quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Resolvendo conflitos através da Arte


Resolvendo conflitos através da Arte

O texto abaixo foi escrito por mim e se trata de uma situação hipotética de gerenciamento de conflito dentro de uma escola, que nesse caso, é fictícia assim como os nomes citados.
Minha intenção é evidenciar que a Arte pode estar em todo lugar, e está! Também acredito que com base nessa “historinha” podem surgir ideias de aplicabilidade em diversos ambientes de trabalho. Quem quiser se aventurar, desejo boa sorte e agradeço por permitir que a Arte invada seu espaço!!!!



Na Escola “Educar”, a Diretora Anita gerencia dentre outras coisas, uma equipe de 16 professores dos anosfinais de Ensino Fundamental. Cada professor tem sua formação específica de acordo com a área que leciona e consequentemente, possui opiniões também específicas. A diferença de opiniões é normal, porém nesta escola, os professores estão com dificuldade de entrarem em consenso quando necessário. A diretora Anita tenta, em vão, conduzir reuniões, conversar separadamente com cada professor, promover votação,mas com nada disso obtém êxito. Entrar em consenso ou acordo com essa equipe é impossível.
No momento, a diretora precisa contar com a opinião de todos os professores para decidirem juntos sobre um evento cultural que acontecerá na escola. Trata-se da “Semana Cultural” e será 1 semana inteira de acontecimentos devendo envolver todas as disciplinas. Para tanto, a diretora convocou todos os professores para uma reunião e apresentou os pontos a decidirem: Tema, data, atrações, apresentações, ornamentação, etc. A reunião foi um fiasco: Uns querem resgate cultural da comunidade escolar, outros acreditam que focar em assuntos  atuais será mais atrativo para os alunos, e ainda existem aqueles que não querem participar, que pensam não ser produtivo para o aprendizado esse tipo de evento. Quanto a data também não se entenderam, todos falando ao mesmo tempo, defendendo interesses pessoais de acordo com conveniência e mais uma vez a diretora encerrou a reunião com um grande desafio: Fazer toso se entenderem de forma harmoniosas colaborando com a escola.
Partindo desse dilema, Anita decidiu utilizar algum método que impactasse esses professores, que fizessem eles refletirem sobre o modo de expressão de cada um, e que conseguissem usar as opiniões diversas para contribuir e não apenas divergir. Foi assim que Anita conheceu os trabalhos do Artista Plástico alemão Kurt Schwitters. Sua obra tem influência do Dadaísmo, dentre outras correntes, e são em sua maioria, colagens com papéis ou objetos alternados e sem a obrigatoriedade de concordância estética, porém compõem uma só obra. Para Kurt, a arte estava em tudo, até mesmo no comércio. Pode-se dizer que ele trabalhava muito com aquilo que se chama “lixo cultural”, elevando-o ao status de obra de arte. Kurt através de suas colagens, desejava criar relacionamentos entre as coisas do mundo.




Apreciando as obras de Kurt, a diretora Anita teve uma ideia, pensou em explorar a obra do artista através de uma releitura envolvendo todos os professores. Na escola, ela pediu que cada professor trouxesse de casa algum recorte de papel ou algum objeto que gostasse, que se identificasse. Sem saber pro qual motivo, os professores foram trazendo reportagens, fotografias, desenhos, bijuterias, rótulos, etc. Anita reproduziu através de desenho, a imagem da Escola “Educar” em uma superfície de 1,00 x 1,70. Depois de pronto o desenho, Anita foi colando aleatoriamente os papeis e objetos trazidos pelos professores, sem comprometer a visualização da imagem desenhada anteriormente.
Feito isso, Anita convocou todos os professores para uma reunião. No dia, iniciou de forma diferente da habitual. Recebeu os professores com música e utilizou o Data Show para  apresentar as obras do artista Kurt Schwitters. Foi mostrando pausadamente, contemplando cada imagem e convidando os professores a viajarem com ela través da sensibilidade estética. A conversa foi leve e harmoniosa, porém os professores estavam surpresos e curiosos sem entender o “por quê” daquele momento.
Após realizarem a leitura das imagens das obras de Kurt, Anita fez a leitura de um texto/crônica que falava sobre a essência de cada pessoa. Os professores ouviram e contribuíram com poucas palavras, permanecendo curiosos com a situação. Enfim, Anita apresentou o painel que se constituía na imagem da Escola e era todo feito com colagens de materiais escolhidos por eles.
Os professores se assustaram ao ver o painel e logo em seguida se levantaram para ver de perto os detalhes do painel feito com objetos que cada um selecionou. Anita aproveitou o momento para convidá-los a refletirem sobre como foi possível existir um produto final feito de um “pedacinho” de cada um.

Fabíola Garcia de Oliveira
Arte-Educadora
Analista Educacional PIP/CBC – SRE Carangola

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